27 de julho de 2020

O SIGNIFICADO DA BELEZA NO LIVRO BELEZA PERDIDA DE AMY HARMON

Olá pessoal! Como vocês estão? 


No post de leituras do primeiro semestre, clique aqui para ler, eu mencionei a minha releitura de Beleza Perdida, foi tão impactante que eu precisava vir fazer um post sobre ele e atualizar a minha resenha que fiz há alguns anos, clique aqui para ler. 
Fiquei dias pensando sobre esse livro, e o assunto que vou falar neste post persistiu na minha mente até hoje. 

É obvio que o livro fala sobre beleza, já que o título do livro é Beleza Perdida, mas há algo muito mais por trás do que o as palavras revelam, a genuinidade que a autora escreve é linda e por isso eu precisava escrever esse post. 
Ao decorrer do livro Amy Harmon faz um paralelo entre Fern antes não se sentia bonita, pois segundo ela, usava aparelho e algumas coisas da sua aparência que não eram tipicas do padrão de beleza, ao contrário de Ambrose que era o popular no colégio e que tinha um corpo malhado pela luta e um rosto que todos desejavam, o que diziam no livro. 
Uma das partes que mais me tocaram na primeira vez que li, foi o poema que Fern escreveu após o baile, é muito nítido o quanto ela se achava inferior pela sua aparência, o que realmente é considerado no mundo atual, apenas aparências, quanto Fern tinha muito mais o que mostrar. E achava injusto que as pessoas se importassem mais com o que viam por fora, mas mais do que isso ela se questiona porque Deus fez ela assim, e é tão genuíno e doloroso a maneira que ela se sente que me tocou profundamente e mexeu comigo, me fez pensar o quanto julgamos pela aparência, quem nunca quis ser do grupo de amigos que são mais populares e bonitos mesmo que sejam maldosos? 
Com certeza já vimos em mutos livros e filmes.

Minha aparência é coincidência ou ironia do destino? 
Se Ele me fez assim, posso culpá-Lo pelo que odeio? 
Pelos defeitos que parecem piorar a cada vez que olho no espelho, Pela feiura que vejo em mim, pelo ódio e pelo medo. 
Ele nos esculpe para o Seu prazer, por uma razão que não posso ver? 
Se Deus faz todos os rostos, Ele riu quando me fez? (p. 113)

Então quando Ambrose volta da guerra a vida dele mudou radicalmente e não foi somente sua aparência, agora ele se acha feio demais para qualquer um. Já Fern ela cresceu, agora ela sabe arrumar o cabelo e não usa mais aparelho. Ao que me parece eles trocaram de papel e isso é muito citado entre os personagens, já que constantemente Ambrose se acha horrível pela sua aparência e não quer que Fern sinta pena dele, quando ele mesmo já faz isso. Em contrapartida a autora nos questiona é: qual é o verdadeiro significado da beleza, afinal a beleza é externa ou interna? 

Na verdade sabemos que o que importa mesmo é a beleza interna de cada um, mas ainda sim nos importamos com o que vemos por fora. Admiro muito Fern por isso, pois ela não importa como Bailey parece ser e muito menos Ambrose, pois o que ela sempre revelou era que o que temos por dentro é muito mais valioso. Em uma conversa com Ambrose ela diz que se Bailey não tivesse nascido com distrofia, ele não seria o Bailey, o qual ela ama. Isso me fez questionar se até mesmo os nossos defeitos são o que nos caracteriza, por exemplo no caso de Ambrose, as cicatrizes dele eram parte de quem ele era, afinal ele passou por uma guerra e não há como apagar essas lembranças e da perdas que a guerra tomou dele, as cicatrizes mostram um caminho, de dor e amadurecimento eu diria. 

— Se o Bailey tivesse nascido sem a distrofia, ele não seria o Bailey. O Bailey que é inteligente e sensível e parece entender tantas coisas que a gente não entende. Você poderia nem ter notado o Bailey se ele tivesse crescido saudável, lutando na equipe do pai, agindo como qualquer outro cara que você já conheceu. Boa parte da razão pela qual ele é tão especial é porque a vida o esculpiu dessa forma incrível... talvez não por fora, mas por dentro. No interior, o Bailey parece o Davi de Michelangelo. E quando eu olho para ele, e quando você olha para ele, é isso que a gente vê. (p. 219)

Ela é o tipo de garota que não ligava de aparecer numa festa com uma minivan adaptada para cadeira de rodas. O tipo de garota que tinha ficado animada só por ter sido convidada para uma brincadeira idiota. O tipo de garota que tinha voltado para se despedir dele, um cara que a havia tratado como lixo. E ele desejava, mais desesperadamente do que nunca, poder mudar a situação. (p. 125).


Então chegamos ao ponto do post, que assim que li essa passagem no livro, pensei que queria compartilhar com todos. Fern está ouvindo a conversa de seu pai com Elliott, pai de Ambrose, e ele foi até a casa do reverendo pois estava com medo de a esposa leve Ambrose embora já que ele não é o pai biológico, mas Elliott ama o filho como se fosse dele e está com medo de perdê-lo, então ele se questiona se fosse mais parecido com o pai biológico do filho, já que ele era modelo e tinha uma beleza igual ao de Ambrose. O pai de Fern, fala uma das coisas mais sabias do livro sobre beleza e o quanto ela pode ser enganosa.

— Porque às vezes nos apaixonamos por um rosto, não pelo que está atrás dele. Quando cozinhava, minha mãe costumava tirar a gordura da carne da panela e guardar em uma lata no armário. Por algum tempo, ela usou uma lata que tinha vindo com aqueles biscoitos compridos cobertos de praliné e recheados de creme de avelã. Os mais caros, sabe? Mais de uma vez eu peguei aquela lata pensando que tinha encontrado o estoque secreto da minha mãe. Só que, quando tirava a tampa, via um monte de gordura mal cheirosa. [...] — Isso mesmo. Ele me fazia querer os biscoitos, mas a lata era uma grande propaganda enganosa. Acho que às vezes um rosto bonito também é uma propaganda enganosa, e muitos de nós não chegamos a olhar o que tem debaixo da tampa. (p. 164). 

Assim como Fern, Elliott se sentia inferior pela sua aparência e achava que talvez se fosse mais bonito as coisas poderiam ser diferentes, mas o que o reverendo diz talvez não ter a aparência mais bela do mundo não seja ruim, afinal ela pode nos enganar, nos apaixonar achando que era algo quando na verdade era totalmente o contrário. Isso me lembra o relacionamento da melhor amiga de Fern, Rita com o seu marido, que batia nela. 

Como se não bastasse o reverendo, cita Isaías 53: 2, o qual diz: “Pois foi crescendo como renovo perante ele, como raiz que sai de terra seca; não tinha aparência nem beleza para atrair o nosso olhar, para que pudéssemos apreciá-lo”.
Elliott se faz o questionamento porque Deus não faria a aparência de Jesus equivalente a como ele era por dentro? 

— Pela mesma razão pela qual ele nasceu em uma manjedoura humilde, em meio a um povo oprimido. Se ele tivesse sido bonito ou poderoso, as pessoas o teriam seguido apenas por isso. Teriam sido atraídas pelas razões erradas. (p. 165)

Ambrose era principalmente desejado na época de colégio pela sua beleza, pois a sua beleza era ''suficiente'' e isso já bastava para as pessoas, mas quando o rosto dele foi destroçado na guerra, o qual ele baseava toda a sua autoestima e confiança, ele se viu sem nada, pois para ele apenas o que existia superficialmente era a beleza. É claro que havia mais, Ambrose acreditava que havia mais, porém ele nunca deixou que isso o guiasse a descobrir mais coisas, mesmo quando descobriu que trocava mensagens com Fern e não Rita. 

Em Ezequiel 16:15, é nos contado uma historial a qual uma mulher confiou em sua beleza para ter riqueza, mas que ao final não sobrou nada, pois assim como é a beleza por fora, um ídolo falso. Ambrose se sentia vazio por dentro, mesmo sendo bonito e desejado pelas pessoas, e por isso foi para a guerra, gosto muito do diálogo que ele tem com um professor que foi para guerra, onde o professor diz que não teria ido para guerra se não tivesse recrutado, mas que lutaria novamente pelas coisas que ele lutou, ao final da conversa ele diz que os sortudos são aqueles que não voltam para guerra. Isso resume bem o que Ambrose vai vivencias na guerra e tudo que vai perder com ela e futuramente ganhar. 
Em algum momento do livro, me peguei pensando o que aconteceria com Ambrose se ele não fosse para guerra, e até poderia imaginar caminhos para ele e onde isso iria levar ele. No entanto, a questão é, nem Ambrose sabia o que iria acontecer com ele depois do colégio ele não se via fazendo faculdade. Acho que isso tem muito haver, com ele se questionar se ele é apenas beleza, se ele herdou apenas beleza de seu  pai biológico, o qual ele não fala muito, mas de alguma forma isso influencia na vida dele, mesmo que ele ame muito Elliott e o considere como pai verdadeiro. 

— Mas eu vou lhe dizer uma coisa. Os sortudos são aqueles que não voltam. Está me ouvindo? (p. 117)

Não é a beleza não seja importante, pelo contrário Deus criou o homem e viu que era muito bom, a vida é bela, tudo o que Deus fez é lindo e de uma beleza extraordinária. Mas, o homem deturpou a beleza de muitas formas. A beleza humana não é tudo e Ambrose percebeu isso quando não tinha mais nada para se apoiar. 

— Você age como se beleza fosse a única coisa que faz as pessoas serem dignas de amor — Fern retrucou. — Eu não te am-amava só porque você era bonito! — Ela disse a palavra com A bem alto, embora tivesse tropeçado nela. (p. 257). 

Ao decorrer do livro a beleza é muito discutida, nas linhas e nas entrelinhas, e o mais bonito Ambrose e Fern aprendem que o que é a verdadeira beleza da vida. A beleza é obra do criador e isso nos faz belo independente de qualquer padrão de beleza, seja de nos mesmos ou cultural. 

Beleza Perdida é um livro que vai falar sobre a vida e beleza, afinal onde há vida há também beleza, além disso também sobre a morte e assuntos que são doloridos, mas que de alguma forma nos fazem amadurecer e aproveitar o melhor da vida. Fazendo esse post, até percebi que o título combina com o livro, afinal o que Fern e Ambrose encontram um no outro é uma beleza perdida e eu até diria esquecida muitas vezes. Ambrose não se apaixona por Fern porque ela o queria independente da sua aparência, mas por que ambos encontraram um no outro amor mesmo que nos momentos mais difíceis.

Eu nunca pensei sobre isso, na verdade, não antes deste momento, mas talvez você veja beleza em mim porque você é bonita, não porque eu sou. (p. 291).

Fern tem uma personalidade incrível e extremamente linda, mas é inspirador ver que ela também passa por momentos difíceis e como ela lida com eles, através de Deus e dos livros. Além disso, ela também amadurece ao decorrer do livro e seu amor por Ambrose passa por transformares e acrescenta ainda mais na sua vida. 

— Acho que as pessoas são assim. Quando a gente olha de verdade para elas, para de ver um nariz perfeito ou dentes retos. A gente para de ver as cicatrizes de acne, o furinho no queixo. Essas coisas começam a se confundir, e de repente você vê as cores, a vida dentro da casca, e a beleza assume um significado totalmente novo. (p. 331). 

Em alguns momentos Fern diz para Ambrose que queria que ele a enxergasse, além do que aparenta ser e em outro momento ela diz para ele que não a via na época do colégio. 

— Você simplesmente não me via, só isso.
— Naquela época eu estava cego. — Ele tocou. (p. 348)

Essa parte me lembrou de uma citação da bíblia, a qual Jesus diz para seus discípulos que ele veio ao mundo para que os cegos vejam, e os que veem se tornem cegos. (João 9:39)
O que me chamou a atenção, é perceber que Jesus através da sua verdade que faz com que as cegos vejam, mas que os que veem sejam cegos, acredito que isso se relaciona com o fato de se entregar totalmente a Deus. Bom, o que isso tem haver com Ambrose? Tudo! 
Veja bem, ele disse que estava cego e depois de ler o poema que Fern escreveu após o baile ele constata que agora está vendo! O que fez ele enxergar não foi o poema, mas conhecer Fern e perceber como ele era na época do colégio.

— Na verdade... você está meio cego agora — Fern provocou baixinho, procurando aliviar a culpa dele com uma brincadeira. — Talvez seja por isso que gosta de mim.
Ela estava certa. Ele estava parcialmente cego; porém, apesar disso, talvez por causa disso, estava vendo as coisas mais claramente do que jamais vira. (p. 348).

Entendeu agora a relação com o versículo de João que citei? Ambrose está cego, mas vendo coisas que nunca percebeu antes! Ele está vendo a vida.

Como o post é principalmente sobre beleza, não vou mencionar a conversa que Ambrose tem com Fern sobre Deus e o propósito da vida, mas é incrível! E mostra como Ambrose se sentiu sozinho depois da guerra, e desmerecido de estar vivo, mas que aos poucos ele está conseguindo se encontrar e perceber que Deus sempre esteve ao seu lado. 
A sua construção e amadurecimento ao lado de Bailey e Fern, se mostra em seu discurso no velório de Bailey, apesar de estar nessa hora chorando com Fern, ao ler as palavras por não sei quantas vezes, percebe-se o quanto Ambrose de alguma forma encontrou o que tanto queria e sorri pela primeira vez sem culpa por pela sua aparência.

O Bailey é uma prova disso. Ele estava sempre sorrindo e, de muitas maneiras, ele derrotou a vida, e não o contrário. Nem sempre podemos controlar o que acontece com a gente. Quer se trate de um corpo deficiente ou de um rosto cheio de cicatrizes. Quer seja a perda de pessoas que amamos e que não queremos viver sem.
— Fomos roubados. Nos roubaram a luz do Bailey, a doçura do Paulie, a integridade do Grant, a paixão do Jesse e o amor pela vida do Beans. Fomos roubados. Mas eu decidi sorrir, como o Bailey fez, e roubar algo do ladrão.
— Ambrose olhou pela congregação enlutada, a maioria da qual ele conhecia pela vida inteira, e chorou abertamente. Porém sua voz ficou clara quando ele concluiu seu discurso. — Tenho orgulho do meu serviço no Iraque, mas não tenho orgulho de como eu saí de lá nem de como cheguei em casa. De muitas maneiras, eu decepcionei meus amigos... e não sei se algum dia vou me perdoar totalmente por tê-los perdido. Devo algo a eles e devo algo a vocês. Então vou fazer o meu melhor para representar vocês e eles também, lutando pela Universidade da Pensilvânia. (p. 414-415)


Você poderia achar que o livro deveria ter acabado ali, mas o as últimas páginas são essenciais, principalmente quando a mãe de Bailey diz para Ambrose que agora ele era o anjo de Fern. Isso faz total sentido com o que comentei nesse post, há muito mais propósitos para Ambrose que sejam muito maior do que nossas mentes alcançam, mas uma delas é que Ambrose é o anjo que Fern precisava naquele momento.
— Sempre me espanta como as pessoas são colocadas na nossa vida exatamente no momento certo. É assim que Deus trabalha, é como Ele cuida dos Seus filhos. Ele deu a Fern ao Bailey. E agora a Fern precisa do seu próprio anjo. — Angie colocou as mãos nos ombros largos de Ambrose e o olhou diretamente nos olhos, sem vergonha de sua própria emoção, exigindo que ele ouvisse. — O anjo é você, amigo. (p. 421-422).

O mais interessante do livro não é nos entregar o que é beleza, mas é nos fazer pensar sobre isso, nos identificar de alguma forma com os personagens construídos, e principalmente transformar o significado de beleza de acordo com o que cada um acredita. Por fim vou deixar uma fala do pai de Fern no casamento de Fern e Ambrose, acho que fecha esse post muito bem. 
Se algo chamou a sua atenção no post ou no livro, deixe seu comentário! 
— A verdadeira beleza, aquela que não se desvanece ou se esvai, precisa de tempo, de pressão, precisa de uma resistência incrível. É o gotejamento lento que faz a estalactite, o tremor da Terra que cria as montanhas, o constante bater das ondas que quebra as rochas e suaviza as arestas. E da violência, do furor, da ira dos ventos, do rugido das águas emerge algo melhor, algo que de outra forma nunca existiria. E assim suportamos. Temos fé na existência de um propósito. Temos esperança em coisas que não podemos ver. Acreditamos que há lições na perda e poder no amor, e que temos dentro de nós o potencial para uma beleza tão magnífica que o nosso corpo não pode contê-la. (p. 465-466)

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